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do livro "O melhor está para vir"


"Tu sorriste, novamente, por baixo da máscara. Estavas já cansada, e notava-se a falar.
- E agora já passou? - Perguntei.
- Ainda não. Ainda tenho de fazer muitos tratamentos. Mas as pessoas são muito minhas amigas e divertidas. Custa menos assim.
Eu já não sabia o que te dizer. Podia contar-te as coisas da escola, mas pensei que não quisesses saber. Eu não te podia cansar. Por isso fiquei calada, a ver o filme que estavas a ver antes de eu chegar. Acabaste por adormecer. E eu fiquei ali a segurar a tua mão. Parecias tão frágil agora. Ouvi os passos e as vozes das nossas mães a chegarem e fiz de conta que também estava a dormir, na esperança de que me deixassem ficar ali mais um bocadinho. Sentia um aperto enorme na barriga, alguma coisa me dizia que deveria ficar ali. Mas não resultou. A minha mãe aproximou-se, tocou-me no ombro e disse-me: - Anita, vamos embora.
Eu abri os olhos e larguei a tua mão muito devagar. Despedi-me da tua mãe e saí junto com a minha. Seguimos no sentido contrário do caminho que ali nos trouxera, em direção a casa. Eu seguia com o guarda-chuva na mão, logo atrás da minha mãe. Até que, de repente, ela para e eu esbarro contra ela. Ela virou-se para mim e disse:
- Corre, Anita, corre.
Eu espreitei por trás dela e cravei os olhos nos olhos do meu pai que ali, parado em frente à nossa casa, iniciava agora uma corrida em direção a nós. "

Do livro "O melhor está para vir"

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