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saudades




Tenho saudades daquela voz. Era uma voz suave mas forte, que alimentava a esperança, mesmo na aspereza das palavras. Há vozes que nos marcam. Há vozes que queremos continuar a ouvir, mesmo depois de se terem calado. Recordo-a. Terna e confiante. Algumas vozes trazem a força consigo. Aquela era uma dessas vozes. Perco-a agora no tempo, anseio por ouvi-la, mas não posso. Já vos aconteceu? Estarem num lugar e faltar lá uma voz. Há vozes que não queremos calar. Desejamos que continuem a inundar o nosso dia, a nossa vida. Mas algumas calam-se. E na nossa mente não as conseguimos ouvir, mesmo que instantaneamente sejamos ludibriados pelo próprio anseio. Há vozes que não esquecemos, que seríamos capazes de reconhecer em qualquer parte do mundo, no meio de uma multidão. A voz da nossa mãe, dos nossos filhos, dos marido e esposas, dos pais e avós, dos amigos. Até algumas vozes que ouvimos diariamente na televisão se tornam parte integrante da nossa playlist de vozes. E depois há vozes que marcam pela sua presença, pela sua humanidade, pela sua proximidade. É dessas que tenho saudades. Tenho saudades daquela voz… e de si que a pronunciava.

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Texto: Susana Silva
Imagem: pixbay

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