Jorram lágrimas secas dos teus olhos e os teus ossos rangem quando te encolhes desejando voltar ao ventre de tua mãe. O teu chão desapareceu e tu levitas numa vida que já não é a tua temendo o recomeçar que se impõem. Os dias são tempos infinitos e durante a noite, nos teus sonhos, vives a felicidade que perdeste, mas o raiar do dia traz a certeza de que o sonho se sumiu e a tua vida não pode voltar. Nesta lentidão dos dias arrastas o teu corpo rastejando pelo chão cheio de pedras angulosas que te dilaceram a carne e mesmo os que te tentam levantar, tantas vezes, rasgam o que resta da tua alma. Desejas que a alma te fuja do corpo mas uma força maior fá-la ficar. Não tens força, não tens esperança, não sabes como será, mas o que importa? Tudo sabias, tudo projetaste num destino que a vida não de te deu. Tudo pensaste e esse projeto dói-te agora, de perdido, não esquecido. Recomeçar é o único projeto que tens, mas sem início torna-se quase impossível saber que estrada seguir, sa