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Saudade

Olhos tristes, olhar sereno. A sabedoria de uma vida sofrida mas aproveitada. Muito amada. Mãos engelhadas envelhecidas pelo tempo, queimadas do sol, mas de toque suave e tranquilizador. De si lembro o sorriso fácil, sem grandes gargalhadas, mas de uma intensidade que ainda hoje me comove. As palavras certas que preenchiam cada momento. Os silêncios que mais falavam do que o maior dos discursos. A alegria por estarmos todos, juntos. O querer estar sempre, no sítio onde mais o precisavam, nem que para isso se deixasse para trás.
Ainda hoje me emociona a sua ausência. E uma saudade boa desponta. Saudade boa, cheia de boas memórias, cheias de ternura. Ainda hoje agradeço este avô que a vida me trouxe. Não por muito tempo, porque cedo (demais) partiu. Mas deixou uma marca profunda da sua delicadeza. E perfumou a vida com suavidade permanente. Faria anos hoje. Alguns anos cantei os parabéns e dei-lhe um abraço. Hoje, abraço a melhor herança que cá deixou. A sua força destemida mas serena, a sua ternura, a sua compreensão, a sua fé e a marca que deixou em todos os que o conheceram.

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Texto: Susana Silva

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