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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2017

Sinto-te fugir-me entre os dedos

Sinto-te fugir-me entre os dedos como se  a leve brisa te levasse E eu não mais escutasse Os teus segredos Escondes os teus olhos sob o pranto Que teima em cair-te no rosto E eu, com o meu sorriso posto Que me reveste como um manto, Canto cantigas de embalar Como se a tua dor pudesse diminuir Como se dela pudéssemos fugir Para um qualquer infinito lugar Lugar de tempo sem fim Em que possa amar sem hora Um lugar em que a esperança mora E tu não possas viver sem mim Até a lua, quem sabe, Até ao som, como seria? Até ao infinito e mais além… E já não o sabe ninguém ---- Texto: Susana Silva Imagem: pixbay

Ode ao chocolate

Devoro chocolate como se fossem amendoins O peso da consciência aloja-se entre os tecidos que humedecidos por tal iguaria ficam moles, quem diria? Aquela textura sedosa e crocante, que me faz sentir um viajante de malas aviadas mas vigilante Não vá para outra boca se tornar migrante O prazer está nomeado para os melhores Como a culpa para os piores Mas no meio de tanta desigualdade Fica-me a alegria da sua lealdade. ---- Texto: Susana Silva Imagem: pixbay

Há dias assim... de empacotar sonhos.

Há dias que não queremos que cheguem. Mesmo sabendo que deles não podemos fugir, lutamos com as forças que nos restam para adiar ou mesmo anular a sua existência. Mudar o rumo, dar novo sentido ao sentido da vida, continuar a perseguir um sonho que nos escorrega das mãos. O dia acordou solarengo e deixei todas as tarefas que sabia não mais poder adiar para o fim do dia. Andei ocupada em missões que me mantinham afastada daquele canto do qual queria fugir. Passava e desviava o olhar. Mas tudo estava lá. Com o cair da noite também o coração começou a escurecer, a alma perdeu a sua cor e o corpo executava maquinalmente as tarefas a que estava obrigado. Hoje foi o dia. As minhas mãos, braços e pernas trabalhavam o mais rapidamente possível para que os olhos nem vissem o que estava acontecer, na tentativa de esconder do coração, para que não sentisse. Mas de nada adiantou. Chorei cada peça, cada empreitada das minhas mãos eram uma lança que me trespassava a alma. Mas tem mesmo que se
Os teus olhos estão cansados, tristes e desanimados, de tal forma que quase escondem o brilho que de ti emana. Estás quieta e sossegada, queres estar só, no abraço que te conforta. Sentes a dor, sentes o amor. Olham para ti olhos sem fim, mais do que os que podes imaginar. Lembras-te das estrelas do céu? São assim os olhos que te olham, com amor. Sem te conhecer amam-te, gostam de ti e abraçam-te. Têm fé, esperança, confiança. E acreditam. Um dia ouvirás falar deles e saberás! Os teus olhos têm um brilho. Eu vejo-o. Todos o veem. E como numa gruta escura, todos corremos, contigo, para a luz que lá ao fundo se deixa ver. Estás num ninho de amor. Coberta de sonhos. Na tua almofada a confiança. E… o amor tudo pode. ---- Texto: Susana Silva Imagem: pixbay

Vi-te e fixei-te

Vi-te e fixei-te. Vinhas ao longe na minha direção. Ladeada pelo carrasco dos teus sonhos. Aparada pela pequenita mão que te prendia à vida. Vinham ambas de olhos postos no chão. O corpo curvado como se o mundo pousasse nos teus ombros. Em passo apressado, vi-te e fixei-te. Ao passares por mim levantaste o olhar. Os teus olhos de sangue rasgavam um rosto marcado e ferido. Uns olhos tristes, magoados, desesperados, agarrados à vida por um fio, seguro pela mãozita que suportavas. E o desprezo do outro lado, a maldade, a frieza o mais puro desamor. Tanto que vi no pouco que me olhaste e viste e fixas-te. Quero dizer-te vem, eu dou-te um abraço e abrigo. Mas é vã a minha vontade… vi-te e fixei-te. O teu rosto, a tua dor e todo o teu amor. Eu vi-te e fixei-te. --- Texto: Susana Silva Imagem: pixabay

Escrevo

Escrevo porque preciso. Há dias em que uma estranha ansiedade toma conta de mim, como hoje. Há personagens a vaguear na minha cabeça, mil histórias a surgir, e o pequeno caderno que transporto não as consegue conter. Preciso de escrever, para espantar esta angústia que assola o meu ser e me impede de viver. Preciso de dar vida a outros que povoam o meu imaginário. Preciso de escrever a toda a velocidade, ferozmente, como se tudo dependesse das palavras vãs que o meu cérebro de dita… Até que… esgotada, sinto-me novamente a viver. Os outros, esses, podem finalmente adormecer. E eu… bem, eu preciso de escrever. ---- Foto: pixabay Texto: Susana Silva

Procuro

Procuro o teu rosto no infinito Rosto de alegre gabarito Ouço a tua voz lá ao longe Fundida com o canto do monge Em verdes campos te procuro Sinto que se ergue um muro Socorrendo-me da tua imagem Oculto-me naquela nova paragem Rasgo-me em peito aberto a ti, por ti… em ti… ------ Texto:Susana Silva Imagem:  Arron Anon

Poeta

Não sou poeta, sou fingidor finjo que sinto o que escrevo finjo que te sinto em dor e até que te sinto amor. Sou um poeta que mente e mantendo a mente feliz olho para ti, e tu sorris. ---- Texto: Susana Silva Imagem:  Victor

Do livro "Ao som dos tambores"

"Naquela noite, eu estive a estudar até tarde, porque tinha teste de filosofia no dia seguinte. Passava da meia-noite quando me deitei, e ainda não tinha adormecido verdadeiramente quando ouço a porta de casa a bater, pelo que despertei sobressaltada. Os meus pais e a minha irmãzita tinham ido dormir há muito, talvez fosse o meu irmão mais velho. Concentrei-me para tentar desvendar mais algum barulho, mas pouco ouvi, apenas da rua parecia-me ouvir um barulho abafado que não conseguia identificar. Muito lentamente abri o estore do meu quarto e vi algo muito estranho. Todos os meus vizinhos estavam a sair de casa e, na estrada, caminhavam várias pessoas, muitas delas ainda de pijama, todas no mesmo sentido. Assustada corri ao quarto dos meus pais e quando vi a cama deles vazia, tal como a da bebé, decidi sair também para a rua. Pedro aproximou o puff da colega, ficando com os joelhos quase a tocar nos dela. Instintivamente ela encostou-se para trás no sofá e direcionou o se

Do livro "Ao som dos tambores"

"O primeiro sentimento, pelo vazio à sua volta, foi de estranheza. Tentou recordar-se de tudo, desde que se tinha levantado e não se lembrava, de facto, de ver ninguém. Não ouviu a carrinha do infantário que todos os dias passava à porta do seu prédio a apitar, sinal para os pais descerem com os filhos, quando foi para a paragem de autocarro não se recorda de nenhum carro, e, na paragem esteve sempre sozinho, dado que o autocarro também não apareceu. Os telefonemas não atendidos da mãe, da avó… A estranheza começou a dar lugar ao medo, que se apoderou de tal modo de Gil que este correu novamente para sua casa. Ao entrar no prédio chamou o elevador, mas teve receio de entrar, pelo que correu pelas escadas acima e só parou quando bateu a porta de sua casa. Não sabia o que fazer. Tudo aquilo parecia um pesadelo, só lhe restava esperar para acordar. Ligou a televisão para ver se alguma notícia conseguia explicar o que estaria a acontecer. Enquanto isso tentou ligar novamente pa

Do livro "O melhor está para vir"

"Entrámos e a minha mãe pediu dois bilhetes. A senhora motorista verbalizou qualquer coisa que não consegui entender, enquanto a minha mãe examinava o interior do autocarro e o exterior num medo imenso de um encontro indesejado. A senhora motorista olhou para a minha mãe, que concentrada na sua análise se esquecera de esconder o rosto. - Precisa de alguma coisa? - disse a senhora de um cabelo tão loiro que brilhava mesmo sob a escuridão que ainda se fazia sentir aquela hora, com olhos verdes e voz suave como a brisa, enquanto segurava com delicadeza a mão da minha mãe. Estou certa que as pernas da minha mãe quase fraquejaram naquele momento. - Preciso de tudo. - respondeu começando um pranto rapidamente contido pela chegada de outros passageiros que faziam fila atrás de nós. A senhora motorista deu dois bilhetes à minha mãe e recusou, disfarçadamente o dinheiro para os pagar. Sentámo-nos quase no fundo do autocarro. Desta vez, eu ia do lado da janela. O autocarro

Saudade

Olhos tristes, olhar sereno. A sabedoria de uma vida sofrida mas aproveitada. Muito amada. Mãos engelhadas envelhecidas pelo tempo, queimadas do sol, mas de toque suave e tranquilizador. De si lembro o sorriso fácil, sem grandes gargalhadas, mas de uma intensidade que ainda hoje me comove. As palavras certas que preenchiam cada momento. Os silêncios que mais falavam do que o maior dos discursos. A alegria por estarmos todos, juntos. O querer estar sempre, no sítio onde mais o precisavam, nem que para isso se deixasse para trás. Ainda hoje me emociona a sua ausência. E uma saudade boa desponta. Saudade boa, cheia de boas memórias, cheias de ternura. Ainda hoje agradeço este avô que a vida me trouxe. Não por muito tempo, porque cedo (demais) partiu. Mas deixou uma marca profunda da sua delicadeza. E perfumou a vida com suavidade permanente. Faria anos hoje. Alguns anos cantei os parabéns e dei-lhe um abraço. Hoje, abraço a melhor herança que cá deixou. A sua força destemida mas seren

Amei-te antes de te conhecer

Já tinha lido sobre isso, parece que Deus nos amou antes de nos conhecer. Como seria tal possível?!! Pois… sei-o agora. Amei-te antes de te conhecer. Um amor imenso que me arrebatava o peito, me retirava a respiração. A ânsia de te conhecer. O desalento da tua ausência faziam-me ansiar pela tua presença. Sentir-te, beijar-te, abraçar-te, falar-te ao ouvido e enxugar as tuas lágrimas. Amei cada célula do teu corpo antes de te conhecer, antes de te saber, antes de existires. Não te conhecia a cor dos olhos, nem o som da tua voz, mas amava-te. Chorei por ti, antes de teres a capacidade de chorar. Chorei de dor pela tua ausência e… como tardavas. Cada segundo sem ti era um espaço de dor. Mas sabia que chegarias. E chegaste. Agora, amo-te cada vez mais. Como se fosse possível aumentar um infinito amor. ---- Texto: Susana Silva Imagem:  Pixabay

Água fervente

Li há dias uma história que  rezava mais ou menos assim: Certo dia, uma rapariga foi ter com a sua avó muito triste e revoltada com algumas situações da sua vida. A avó ouviu-a atentamente. Sem nada dizer dirigiu-se à cozinha, e a neta seguiu-a. Colocou três panelas de água a ferver, numa colocou cenouras, noutra ovo e noutra café. Ao fim de vinte minutos desligou o lume. Deu a cenoura à neta e disse-lhe para ela tocar e sentir a cenoura. Ela sentiu que a cenoura estava mais macia do que antes de ferver. Fez o mesmo em relação ao ovo e a neta notou que estava mais duro, depois de ferver. Quanto ao café exalava um aroma magnífico e tinha deixado o seu sabor na água. Tal como nas adversidades da vida, a água tinha amolecido uns, tornado mais duros outros  e sido alterada por outros. No final a avô perguntava qual dos ingredientes a neta preferia ser, para lidar com a água fervente da sua vida no momento. Fiquei a pensar no assunto. De facto há situações na nossa vida que no

Palavras

Existem palavras que ferem sem ser proferidas. Olhares trocados que finjo não ver que lançam setas envenenadas direitas ao âmago da alma. As palavras que são reveladas escondem por trás de sorrisos falsos a dureza de um coração ausente. De uma sinceridade inexistente, de uma amizade inconcebida. E eu sei. Eu sinto o que dizem os vossos olhos. Preferia ouvi-lo da vossa boca que fechada por um sorriso imaginário esconde uma gargalhada quase maléfica das dificuldades e do falhanço. Existem palavras nunca ditas, proferidas, faladas que saem do olhar, dos gestos e da falta deles.  ---- Texto: Susana Silva Imagem:  Pixabay

Quem te motiva motivador?

Quem te motiva motivador?  Se todos à tua volta sorriem enquanto te exigem sem saber de ti. Mostra-lhes que tens limites. Que também precisas de motivação, de emoção, de proteção. Quem te motiva motivador? Se te cansas e choras. Se exausto te sentas… quem te motiva? Quem te faz levantar, inspirar e sorrir? Quem te faz andar por estradas de trevas, em que és a luz. Oh alma desgraçada que não vês. Oh triste sina que não sentes. E desamarras as correntes que por todos os lados te cercam e lá vais de coração apertado. Só tu acreditas no teu papel. Só tu o achas importante. E tu sente-lo… quem te motiva motivador? Quando gritam que te motiva o salário, e tu começas a acreditar. Quando te fazem admitir que precisas daquele labor para estar vivo, e tu começas a acreditar. Quando te fazem sentir que estás ali porque é o máximo que consegues… e tu começas a acreditar. Uma nuvem oculta a tua luz, uma sombra esconde o teu sorriso, mas tu continuas lá… Do alto a palavra de ordem: “- Mot

As árvores são melhores que os homens

As árvores são melhores que os homens. Estendem-se até ao céu numa majestosa atitude de simplicidade. Buscam o seu espaço, perscrutando o chão que pisamos. São confidentes dos séculos, de amores e de guerras, sem nada dizer, sem nada acrescentar, mas sem elas nada permaneceria. Doam a sua sombra, os seus frutos e as suas folhas aos que por ali passam na intensa caminhada da vida. Sem asas tocam nos céus e sem pés penetram na terra. Entrelaçam-se umas com as outras, respeitando os seus espaços, as suas cores. Aprendem a crescer contornando o outro, sem o ferir, sem o agredir. E cantam quando o vento passa por elas. Às vezes trovas de encantar, outras vezes o canto de chorar. Vivem e deixam viver. As árvores são melhores que os homens. ---- texto: Susana Silva Foto:  Erkan Utu

Há dias de nada...

Há dias de nada. Em que nada apetece fazer. Mas o nada aborrece, torna-me cada vez mais nada. Sinto-me inútil e isso em nada contribui para a minha felicidade. Há outros dias em que me apetece fazer nada. Mas nesses raramente tenho oportunidade de nada fazer. E é extraordinária a forma de nada dizer em mil palavras ditas, escritas, ouvidas ou lidas. E tantos nadas da nossa vida nos fazem sorrir, chorar, saltar de alegria ou aninhar de tristeza. O nada é importante. Também me faz crescer, avançar e recuar. Mas o nada só pode aparecer às vezes, senão deixa de ter significado e, se tudo passa a ser nada… bem, nada mais fará sentido. Há dias de nada, porque há dias de muito, dias de tudo. E tudo… sim tudo vale a pena. ----- foto de  Erkan Utu

Um novo olhar

fonte: pinterest Este é um novo espaço onde vou partilhar as minhas reflexões, onde vou partilhar os meus ensaios de escrita . É um espaço que pretendo que seja mais próximo de vós, caros leitores. Desfrutem dele. Para mim será um espaço criativo, onde posso dar asas à imaginação. Sem grandes pretensões inauguro-o.

Uma estranha forma de vida...

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