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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2019

Assim são os sonhos

Como a semente enterrada na terra assim são os sonhos abandonados. Esperam a chuva que lhes amoleça o tegumento e o sol que os faça brotar. Encerram em si todas as capacidades do mundo e a verdade de quem os possui. Até o mais pequeno sonho é capaz de romper montanhas, tal como a erva que cresce no seio da rocha e lá, onde mais nenhuma se atreveu, brota de vida e prepara caminho para novas vidas. A grandiosidade da concretização não se pode medir pelo tamanho da semente. Todos temos sonhos grão de mostarda que, se lhes permitirmos nascer e fizermos crescer, serão árvores grandiosas à sombra das quais acolheremos comovidos a brisa da vida. Tal como a vida encontra sempre o seu caminho, os sonhos encontram sempre a sua vida, aquela que se faz caminho. Acredita disponível. Espera com fé. Faz acontecer o sonho. ------ Texto- Susana Silva Imagem- Pixabay

O tempo

O tempo. Esse é o maior culpado. Diz que não existe, que ninguém o tem, quando todos o possuem e  marcam. Dizia a vizinha de ao pé da fonte que a Micas esqueceu o abraço porque não teve tempo, morreu assim a avó, sem abraço quando o seu tempo acabou. O tempo passa em passos desconcertantes com a nossa vontade. Não se pode parar, mas acelera quando não o queremos afrouxar. E neste passo de corrida grava-nos na memória aquilo que de melhor o tempo deixou. O tempo que estive contigo.  Insatisfeitos com o tempo gritamos para que volte para trás e rogamos para que ande para a frente. Descontentes com o tempo que temos no agora. Oh tempo desgraçado, que fazes as palavras não saírem e prendes os braços para os abraços, amarras pernas para não irem e mãos para não fazerem, cerras os lábios para não sorrirem e franzes as sobrancelhas para não te perceberem. Tens costas largas, ó tempo. E na noite escura em que não falta o tempo, descobrimos que sempre tivemos o tempo necessário, mas dele fo

Não é coragem é amor

Ela seguia de olhos fechados e sorriso no rosto espelhando uma imensa gratidão por aquilo que para os outros era mais um problema e para ela era só amor. Aprendera a jogar as fichas todas na vida. Ainda pestanejava, duvidava, fraquejava, mas apostava e confiava. Entregava-se de olhos fechados aquilo que a vida lhe tinha trazido desde que viesse por amor. Sabia que era a única coisa que lhe restava. Ao longo da vida colecionara um emprego que não o era e um saco de desilusões, guardava uma mão cheia de sonhos e a outra de parcos amigos que tudo lhe valiam. Aprendera a correr atrás dos sonhos até que lhe faltasse o ar e a deixar ir tudo o que exigisse umas  corridas desenfreadas sem sentido. Se tivesse que correr que fosse por amor. Resolvia o turbilhão da vida no silêncio, muitas vezes solitário, com serenidade e lágrimas à mistura. Orava e os pequenos grandes milagres aconteciam, nem sempre à sua maneira, mas à maneira da vida em quem aprendera a confiar em vez de exigir. Aos que lhe