Aquele selo, toscamente colado, atraiu a sua atenção. Há horas que arrumava o sótão de casa da avó. As obras iriam começar em breve, e Ana perscrutava tudo com um sentimento de saudade pela vida passada, as fotografias dos seus pais, que há muito tinham partido pelo mundo para não mais voltar deixando-a com a sua avó que sempre a cuidara com toda a dedicação e o maior amor que Ana conhecera. No meio de um amontoado de cartas, onde Ana procurava referência aos seus pais, para na letra deles os poder, algum dia, compreender, encontrou aquela carta com um selo desenhado com a imagem perfeita do seu rosto. Inicialmente assustada, Ana abriu o envelope e leu uma breve carta: “Amélia, meu amor, parto esta noite para um triste destino longe de ti. Não mais ouvirás a minha voz, mas a tua ecoará para sempre nos meus ouvidos. Não mais sentirás o meu sabor, mas guardo o teu do último beijo que me deste. Não mais sentirás a minha pele, mas será o calor da tua que recordarei e a força que