Heróis em mar de chamas, navegando sobre o chão que escapa e
deambulando sob o céu que desaba. Rostos negros de olhos cor de fogo, de
lágrimas de sal, cristalizado. A alma chamuscada pelo inferno, que existe bem
perto, vós bem o sabeis. Sentir o seu ardor entorpecidos pela valentia que vos
brota do coração. Sóis heróis sem medalhas ao peito, levados em braços pela
exaustão, chorais lágrimas que não tendes. Gritais mudos a um mundo que não vos
quer ouvir.
Trazei oh céus o vosso fino orvalho lavai este manto negro
que nos cobre, enquanto abutres se pavoneiam em sorrisos solidários falando da
esperança oculta em braços cruzados que não se estendem. Lavai os nossos corpos
inertes, e fazei deles brotar pequenos rebentos de esperança. Uma nova árvore
nascerá daquela que jaz, hoje, nas cinzas. E assim, diluirá o intenso desalento
por um povo conduzido por mãos retraídas, braços cruzados e rostos pesarosos.
Oh nobre povo que vos escapa o verde fugindo-vos dentre as
mãos chamuscadas… E uma esperança manchada de cinzento é, agora o vosso único
alento, o único ponto de partida, para um mundo novo que temeis. Erguei-vos de
entre as cinzas, não deixeis que vos talhem as tábuas para um caixão que não é
o vosso. Acreditai em mãos estendidas mais do que em palavras sentidas. Vós
sois a nação valente e imortal.
Acreditai ó povo! Acreditai!
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Texto: Susana silva
Imagem: SIC noticias
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