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O carnaval da vida

No passado domingo, enquanto via um desfile de carnaval ouvi um senhor a dizer: “oh! Tudo contente a desfilar, depois voltam todos para as vidinhas tristes”. Pois, parece que é mesmo assim. Lamentos e pesares por não podermos viver, festejar, expressar a alegria. Já sentiram que ofendiam alguém por expressar a alegria? Não é tão raro quanto isso, pensei que já vos podia ter acontecido. Ali aconteceu. A alegria, contagiante, por sinal, dos foliões ensombrava o pesar daquele homem, que quase, quase se deixava infetar. A festa, a alegria, são importantes. Oh, pois são, ou tornaremo-nos todos, ou os que ainda não o são, velhos do restelo a agoirar o pior da vida.

A vida são dois dias e carnaval são três. E está certo. Festejam-se três dias por cada dois de vida. Gosto da ideia. E é mesmo assim. Os dois dias da nossa vida são o nascimento e a morte, ou, pelo menos, é o que ficará nos registos oficiais da maioria de nós. Mas antes de nós nascermos já havia celebração pela nossa vinda. E depois de morrermos, poderá haver celebração por aquilo que fomos e pelo que deixamos aos outros. Tudo depende do que fazemos entre os “dois dias” da nossa vida. E vale a pena? Oh se vale. Os pesarosos da vida e do lamento dirão que tanta folia em nada alivia o fardo em que nos vamos encontrando. Ora eu, discordo disso tudo. Porquê? Porque vale bem a pena. E não, não é por gostar do Carnaval. Mas acho que vale a pena. Três dias de folia e alegria para voltar à mesma tortura dos dias? Sim. Vale a pena. Porquê? Vamos a um exercício: escolham os três melhores dias das vossas vidas. Valeram a pena? E os dias mais tristes esmorecem, apagam ou impedem esses três melhores dias? Não. Pois não. E sabem porquê? Porque a alegria vale a pena. Dá sentido. Pois, é isso. A alegria dá sentido. Faz sentido?

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Texto: Susana Silva
Imagem: pixabay

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