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Destino


O destino, isso a que damos o nome de destino, como todas as coisas deste mundo, não conhece a linha recta.”
Saramago

Não conhece equações, nem fractais embora se embeleze da mesma perfeição, ou do que julgamos ser perfeito, e que trilha o nosso caminho com pegadas mais pesadas que as nossas. Um fado triste cantarolado por uma voz rouca e desafinada que se perde por entre as linhas que se cruzam e entortam de cada vez que tine a guitarra. O destino não conhece linhas, nem as tortas por onde se escreve direito, nem as direitas por onde se encaminha torto. É como o canto dissonante desta fadista que regouga ao meu ouvido, desconhecendo as cinco linhas perfeitamente paralelas que contêm toda a música. Assim é o destino. (In)destinado, frequentemente esganiçado.


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Texto: Susana Silva
Imagem: Pixabay

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