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É a hora




Foi a altura certa para dissipar o nevoeiro, sem o saberem, tinha chegado a hora. Aquela que tanto ansiaram, de que tanto se profetizou, agora acontecia.
Tudo à sua volta estava encoberto por um nevoeiro negro que adensava o medo espalhado pelo terror que nos últimos tempos vagueava, como alma penada, pela sua querida Europa e pelo mundo. Na total escuridão seguiam lado a lado sem se verem, apenas escutando a silenciosa respiração do mais próximo. Ao longe ouviam-se as explosões os seus olhos abriam-se mais para tentar ver o que a penumbra escondia. Subitamente uma voz se fez ouvir, como um trovão, bem próximo dos seus ouvidos:
- Esta é a hora! A história vai ser reescrita. Eu voltei para, convosco elevarmos as mãos, dadas, oferecidas uns aos outros nesta união que nada destroçará.
À medida que esta voz forte se fazia ouvir, o nevoeiro negro embranquecia, mantendo-se denso, permitia, agora, vermos a sombra dos nossos companheiros. Éramos tantos no campo de batalha que nos sentíamos agora mais fortes. Sem armas seguíamos, os Barões assinalados, para além da nova Taprobana.
- Eu sou o Desejado, que volto para convosco construir o império. Tendes impresso nas vossas almas os feitos gloriosos que conquistastes. Permiti que inebriados pelo sonho que deu novos mundos ao mundo, conquisteis agora a imortalidade da vossa pátria que com flores revolucionou a vida e mundo. Orgulhai-vos do que sois, do que vireis a ser, deixai de lado o fado triste e as lágrimas que chorastes na partida. Voltai e levantai-vos, hoje, de novo.
Todo o nevoeiro havia desaparecido e víamo-nos agora, perfeitamente, uns aos outros. Todos escutávamos esta voz que ecoava nas nossas cabeças e trespassava as nossas vidas. Era a hora! Marchávamos contra os canhões, heróis da terra e do mar. Era a hora!


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Texto: Susana Silva
Imagem: pixabay

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