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O melhor está para vir, o livro I

" Na manhã seguinte acordámos e tu só querias ir para a piscina, mas a tua mãe não deixou porque não te podias cansar. Eu achava um exagero. Tu estavas bem. Estavas perfeita como sempre.
O almoço foi especial. A tua avó esteve connosco. Deu-te muitos mimos, beijinhos e colo mas não falou muito. A minha mãe chegou logo a seguir ao fim da refeição, enquanto eu ainda ajudava a dona Rita a levantar os pratos da mesa, apesar da sua insistência para que não o fizesse.
- Agora temos de ir, Anita. - disse-me a minha mãe - A Amália já vai sair.
- Oh… fica mais um bocadinho, por favor – disse a Amália.
A dona Rita aproximou-se e envolveu-te nos seus doces braços de mãe:
- Agora temos de ir para o hospital.
Afinal era verdade. A Amália estava muito doente. Eu só tinha ido ao hospital quando parti um braço e quando o Chico me acertou com uma pedra na testa, abrindo um rasgo na minha cabeça. Mas tu estavas bem. Eu estava a ver.
- Mas a Amália não está doente. - disse eu baixinho, a medo.
A minha mãe baixou-se e olhando-me nos olhos disse-me:
- Está um bocadinho doente. Mas não se vê. Vai ao hospital para ficar melhor.
Eu percebi que a situação era grave. Não pelo que ela me disse, mas pela expressão no seu rosto. Muito lentamente, aproximei-me de ti e dei-te ambas as mãos. Sorri e tu sorriste-me:
- Vai correr tudo bem, vais ver que sim. Eu vou rezar por ti.
Tu continuavas bem, e eu via-o nos teus olhos. Ou pelo menos era nisso que eu acreditava. Era o que eu queria ver. Dei-te um abraço e tu retribuíste. Saí com a minha mãe, mas não sem antes me voltar pra trás e dizer-te:
- Gosto muito de ti, minha amiga querida princesa.
Sim, eu sei que foi um exagero, mas tentei usar numa frase todas as palavras boas que gostava de ouvir da boca da minha mãe. Além de que a minha atrapalhada frase fez com que todos sorrissem, e isso foi bom."

in O melhor está para vir
Susana Silva

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