Quando
chegaste abriste a porta. Fazia frio. Sabes que às vezes ainda se faz frio? Mas
aqui ficou mais quente. Correste as cortinas, abriste as janelas e tudo ficou
mais quente. Sim, eu lembro-me que era um dia frio, como eu. Aliás, era um dia
gelado. Como eu. Mas ficou mais quente… ficou como eu. Quando tu chegaste nada
me disseste. Sorriste e entraste. Não, não estou a falar da porta. Chegaste à
minha vida, que não tinha portas, nem janelas, pensava eu, apenas um muro a cercá-la.
Ainda assim, tu entraste e chegaste.
Quando tu
chegaste deste-me um abraço. Oh, não te lembras?!? Abraçaste toda a minha
existência, abraçaste a minha energia, abraçaste o meu mundo. Haverá melhor
forma de chegar à vida de alguém do que a dar um abraço? Poderias ter entrado
na minha vida, sem nunca lá ter chegado. Mas chegaste e como tal, permaneceste.
Deste entrada e conseguiste atingir-me certeiramente. Alcançaste todo o meu
ser. Ao chegar permaneces neste prolongamento de mim, tocaste-me com a leveza
de uma pena que me fez ascender ao mais alto do que poderia existir. Consegues
lá chegar? Agora que sabes o caminho, vais poder lá chegar todos os dias. Mas
não chega. Por isso, chega-me aí o teu braço, preciso que te chegues para a
minha beira e que me abraces, como a primeira vez, como quando chegaste.
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Texto: Susana Silva
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