- Mãe, o que é do dia da mulher?
Os olhinhos brilhantes e a curiosidade aguçada não se
contentariam com qualquer resposta. Por isso, a mãe sentou-se ao lado da menina
e respondeu-lhe:
- É
uma história um bocadinho complicada. Mas é mais ou menos assim: antigamente os
Homens adoravam a mulher, achavam-na uma super heroína, um deus, mas, com o
passar dos tempos, deixaram de lhe dar valor, trataram-na mal, castigavam-na
mesmo sem ter feito nada de errado. E nós não gostamos nada de injustiças, pois
não?
A menina negou com a cabeça, acrescentando:
- Isso
não é nada justo.
- Por
isso, - continuou a mãe- comemoramos este dia para
lembrar que todas as mulheres devem ser tratadas com respeito e cuidado.
A menina parou por instantes, como que a tentar compreender
a história que a mãe lhe acabara de contar. E, cheia de sabedoria respondeu, do
alto dos seus 5 anos:
- Oh
mãe, essa história não é nada complicada. É fácil, temos que tratar bem a todos.
A mãe sorriu.
É isso mesmo menina mulher é muito simples. O dia da mulher
é o dia do respeito, da tolerância e da justiça. Respeito pelas diferenças
naturais e pela igualdade de capacidade. É o dia da equidade. É o dia de amar
as diferenças e perceber que elas nos complementam. É, por isso o dia da
diferença, da aceitação. É dia dos direitos humanos que sobre todos deveriam
prevalecer. É dia da beleza, da força e do sonho.
Não, não é um dia de festa. Como posso festejar se tantas
como eu e tu são torturadas, violadas, mortas às mãos de um poder podre e
infame. Como posso aceitar presentes exuberantes por ser mulher se algumas, por
mulheres serem, não têm pão ou água para se saciarem.
É dia do grito. De um grito que ensurdeça todos quantos
atentam conta a dignidade da mulher. É dia de gritarmos por aquelas que já não
têm voz e estão desempregadas por serem mulher, atormentadas, desvalorizadas na
sua profissão ou na sua casa, mal amadas, com vidas flageladas pela maldade
humana.
É dia da humanidade, que no nosso tão belo português é,
curiosamente, uma palavra feminina. Humanidade que precisa ser respeitada e cuidada.
Recordemos as mulheres que mudaram a história, a nossa e a do mundo.
É, por isso, também dia de gratidão, por aquilo que na nossa
sociedade já conseguimos. Tantas e tantos lutaram para que assim fosse.
Tenhamos a dignidade de lhes dar valor e de fazer valer os direitos que temos
enquanto mulheres e cidadãs. E acima de tudo, perceber que vale a pena
continuar a lutar, de mãos estendidas e peito aberto caminhemos.
Porque enquanto houver uma mulher que seja que sofra à mão
da intolerância valerá a pena o dia da mulher.
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Texto: Susana Silva
Imagem: pixabay
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