Avançar para o conteúdo principal

Da minha janela


Da minha janela vejo o céu azul, limpo como uma tela pronta que não chega a ser pintada e ainda assim exibe a sua beleza aos homens que, pobres coitados, tão preocupados consigo, não elevam os olhos para admirar este céu. A não ser que ele falhe. Se faz sol demais, o céu deveria trazer nuvens, se chove muito, precisavam de sol.
Sempre o Homem. E o céu que cá estava antes dele, e ficará depois? Permanece, sorrindo satiramente ao passar dos nosso pequeno tempo. Ao Homem restam-lhe as recordações de criança em que deitado na relva admirava o céu, adivinhando-lhe os segredos que esconde em forma de nuvens. E as nuvens que pululam para dar forma ao informe, dão sentido aquilo que dele não necessita. E o Homem, sempre o Homem à procura de sentido de todas as coisas.
Do céu aprendemos a simplicidade, a serenidade de quem tudo espera sem desesperar. E o mar que a ele vai buscar o azul, reflete-o numa intensa harmonia. Se é para lá que vão os nossos quando partem vão para um sítio bonito. Será que me vêem aqui, atrás desta janela? 
As nuvens começam agora a ocupar este azul trazendo-lhe um cinzento que nos entristece. E à primeira gota a correria desenfreada de quem não quer um banho de chuva fria. Os Homens, sempre os Homens, e as suas correrias desenfreadas.  Por detrás destas nuvens o céu permanecerá, azul.



----
Texto: Susana Silva
Imagem: Pixabay

Comentários