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Esquissos autobiográficos



Sonhava com o plano A, estudou no plano B e tornou-se o plano C
Sonhava  aos trinta ter um emprego com que não mais se preocupasse, ganha para pagar as contas fazendo uma gestão apertada, do que recebe, mais de metade são impostos e gastos diretos, sem subsídios, dias de férias e afins. Ainda assim gosta do que faz, e conforta-se com um encolher de ombros (digo, de vida)
Sonhava viajar e conhecer o mundo, atravessou a fronteira para comprar caramelos, dirigir uma oração ao Santo, para comer uma paella que findara e que foi substituída por um bife.
Nunca andou de avião, nem de mota. Não gosta de conduzir embora passe cerca de 8 a 10 horas da semana ao volante, de manhã, ao almoço e ao fim do dia pelos caminhos de Portugal. Adora cozinhar e comer, almoça no carro estacionado na berma da estrada, em menos de dez minutos e janta em menos de três. Defende o tempo em família, mas passa cerca de 10 a 12 horas por dia fora de casa, resta-lhe o beijinho até amanhã.
Talhou uma marca esquecida, um blog perdido na blogosfera, livros que ninguém lê, aventurou-se na decoração, no mundo do faz tu mesmo e tudo mirrou. (Des)empreendedora profissional.

Sufoca frequentemente embora sorria. Desfalece embora se aguente. Só porque sim, por si e por eles. E à sua maneira vai contando uma história feliz chagada por vidas por viver. Vive mais pela vida dos seus. Vive mais pelos seus sorrisos. E as suas gargalhadas, olhos brilhantes e abraços fazem-na acreditar. Esta é uma vida cheia (de nada), com imensos ensaios (sem retorno) e ainda assim vivida (e cheia de sonhos).

Este poderia bem ser o meu retrato, mas não é, porque não é imagem alguma. Esta poderia bem ser a tua biografia, mas não é porque a vaga já estava ocupada.

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