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Não é coragem é amor

Ela seguia de olhos fechados e sorriso no rosto espelhando uma imensa gratidão por aquilo que para os outros era mais um problema e para ela era só amor. Aprendera a jogar as fichas todas na vida. Ainda pestanejava, duvidava, fraquejava, mas apostava e confiava. Entregava-se de olhos fechados aquilo que a vida lhe tinha trazido desde que viesse por amor. Sabia que era a única coisa que lhe restava.
Ao longo da vida colecionara um emprego que não o era e um saco de desilusões, guardava uma mão cheia de sonhos e a outra de parcos amigos que tudo lhe valiam. Aprendera a correr atrás dos sonhos até que lhe faltasse o ar e a deixar ir tudo o que exigisse umas  corridas desenfreadas sem sentido. Se tivesse que correr que fosse por amor.
Resolvia o turbilhão da vida no silêncio, muitas vezes solitário, com serenidade e lágrimas à mistura. Orava e os pequenos grandes milagres aconteciam, nem sempre à sua maneira, mas à maneira da vida em quem aprendera a confiar em vez de exigir.
Aos que lhe admiravam a coragem respondia com um sorriso de compaixão por desconhecerem ainda o poder do amor. Era só amor, porque o temor continuava lá. Mas o Amor providenciará, à sua maneira, no seu tempo.
Não é coragem, é amor o que a faz viver e salpicar com vida esta vida.

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texto: susana silva
imagem: pixabay

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