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E assim vamos andando


E assim vamos andando. Nem bem nem mal.
Criticamos a vizinha que engordou 3 kg e a outra que emagreceu e está esquelética,
Aquela que só tem um filho e a que comete a loucura de ter três,
O que é rico porque é ganancioso e o pobre pois é malandro,
O que comprou um T2 e o que comprou uma mansão que nem vai ter como pagar,
A que se maquilha e a que anda sempre de cara lavada, que tristeza,
A que compra muita roupa e leva o orçamento à ruína e a sovina que anda sempre com a mesma fatiota,
A que ficou em casa a tomar conta dos pais e a que os vai buscar ao fim de semana ao lar,
Os que casaram pela igreja, que coisa démodé, e os que se casam pelo civil, para quê o papel?
Criticamos o programa da Cristina, do Goucha e os telejornais, os programas da tarde e os do fim de semana, as telenovelas, que miséria criativa,
O Conan e os tontos que nele votaram, o bailarino que não dança nada, bem sabemos, todos andamos no conservatório.
Professores e enfermeiros, os que lutam e os que não.
O governo, a oposição, as câmaras municipais, as juntas e os presidentes das associações, e podemos relinchar bem alto, sem nos levantarmos desta cadeira.
Os voluntários, esses tolos que não têm o que fazer,
Tantos que acham que vale a pena, sempre, porque a alma cresce, cada vez mais, patetas.
Criticamos sem dó até a piedade.
E assim vamos andando regurgitando críticas, afogados num obeso ego-especialista. Temos a escola da vida e de tudo sabemos, de rabo enfiado num sofá velho, sem calos na vida, pés enfiados em chinelos mal cheirosos e mãos ocupadas, numa o comando da crítica, noutra a babete da sabedoria. E assim vamos andando. Nem bem nem mal. Mas não vamos falar muito nisso não vá algum iluminado decidir levantar as nádegas gordas e deformadas do seu ego e mudar e fazer melhor.

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texto: susana silva
image: pixabay

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