Avançar para o conteúdo principal

Tropeções

Às vezes segues andando no teu caminho quando um estranho alinhamento cósmico conspira esmagando-te e deixando-te como um farrapo velho na berma da estrada, sem esperança, sem força e preenchido de dor e sofrimento na incerteza do agora. Abalroado por todos os lados, sentes o vento que te atira contra as paredes e a chuva que te enregela a pele. Agarrado a uma centelha de esperança, vês um pequeno raio de sol que desponta e traz alguma luminosidade à noite em que te encontras.
Quase temes acreditar. Mas uma chama arde dentro de ti, sem nunca se apagar, permitindo-te construíres-te a partir de dentro. Essa fé que te alimenta a alma, busca no amor que tens a força para te ergueres desse chão lamacento e olhar para o raio de sol que ainda te parece uma ilusão. Fechas os olhos e permites-te beber nas fontes da esperança, voltando a acreditar, que é tudo o que te resta, e tudo o que precisas. E por entre a chuva tempestuosa o céu azul vai aparecendo e, lá atrás, o sol brilhará, quase tão radioso como aquele que brilha em ti. Dos teus olhos cansados são projetados arco-íris que espantam os demais. “Como é possível” perguntam-te misericordiosos. “Só é possível assim” respondes sem temor.
Choras todos os dias, e nas torrentes das tuas lágrimas arrastas o temor, e nas águas cristalinas bebes a esperança.
Temes, mas confias.
Sofres, mas acreditas.
Paralisas, mas tens fé e andas.

----
Texto: Susana Silva

Comentários