Às
vezes segues andando no teu caminho quando um estranho alinhamento cósmico
conspira esmagando-te e deixando-te como um farrapo velho na berma da estrada,
sem esperança, sem força e preenchido de dor e sofrimento na incerteza do
agora. Abalroado por todos os lados, sentes o vento que te atira contra as
paredes e a chuva que te enregela a pele. Agarrado a uma centelha de esperança,
vês um pequeno raio de sol que desponta e traz alguma luminosidade à noite em
que te encontras.
Quase
temes acreditar. Mas uma chama arde dentro de ti, sem nunca se apagar,
permitindo-te construíres-te a partir de dentro. Essa fé que te alimenta a alma,
busca no amor que tens a força para te ergueres desse chão lamacento e olhar
para o raio de sol que ainda te parece uma ilusão. Fechas os olhos e permites-te
beber nas fontes da esperança, voltando a acreditar, que é tudo o que te resta,
e tudo o que precisas. E por entre a chuva tempestuosa o céu azul vai
aparecendo e, lá atrás, o sol brilhará, quase tão radioso como aquele que
brilha em ti. Dos teus olhos cansados são projetados arco-íris que espantam os
demais. “Como é possível” perguntam-te misericordiosos. “Só é possível assim”
respondes sem temor.
Choras
todos os dias, e nas torrentes das tuas lágrimas arrastas o temor, e nas águas cristalinas
bebes a esperança.
Temes,
mas confias.
Sofres,
mas acreditas.
Paralisas,
mas tens fé e andas.
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Texto: Susana Silva
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