Era um abismo de luz, mais brilhante que o sol e com uma
dança de cores que nem o mais incrível arco-íris poderia reproduzir. Ela temia
dar o passo em direção aquela centelha de esperança, amarrada por cordas fortes
que lhe cortavam os pulsos que gotejavam sangue. Os seus pés colados a um solo
árido onde nunca nada iria germinar e o seu corpo inerte e olhos lacrimejantes,
admiravam tal possibilidade. Era um só o passo que tinha de dar, mas era como
se de um buraco negro se tratasse e nesse instante tudo voltava à sua cabeça
revivendo cada pesadelo outra e outra vez. E naquele horror conseguia
encontrar-se e confortar-se com a única vida que conhecia, desdenhando de si
própria e da sua busca pela felicidade.
Voltou para trás, afastando-se daquele abismo de luz.
Para quem tem medo até a esperança paralisa.
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